RPG #1

Com vários anos de Japão, só nos últimos que acabei encontrando o mercado de RPG japonês, RPG de mesa que fique claro, devo ter encontrado uns dois jogadores em todo esse tempo, que também não tinham idéia de como montar um grupo aqui. Vi posts e até comunidades sobre isso e não encontrei nenhuma informação realmente útil. Então pensei em eu mesmo criar alguma comunidade para reunir jogadores no Japão (jogares que não falam japonês, ou que querem jogar com brasileiros), mas sinceramente, eu não sou muito chegado a turma que joga RPG, sei que é incoerente afinal jogo a bastante tempo e boa parte dos meus amigos também gostam, mas a quantidade de gente legal, comparada com a quantidade absurda de gente chata, me afastaram desse grupo, até porque muitos que viraram amigos foram falando de outros temas, e só depois que descobrimos o RPG em comum. *Esse post é especial, o blog continua com apenas duas atualizações semanais, e quando eu me sentir inspirado rola algum post especial em outros dias.

Leia Mais...

Que fique claro que não estou bloqueando comentários nem nada do tipo, eu apenas não estou tentando procurar amiguinhos, apenas tentar ajudar alguém que precise da informação, e como criar um post para falar do mercado japonês do nada ficaria muito estranho, achei melhor criar esse post introdutório, em que explicarei de uma forma simples destinada a um publico leigo, para que possa entender o que raios é esse tal de RPG, levando em conta também que a grande parte do publico diário que vem parar aqui, veio pela busca do google, acho que talvez possa ajudar de alguma forma.

Talvez role analise de livros de RPG, mas vai depender muito da minha boa vontade (que está meio ausente) e caso você seja um jogador bitolado ou alguém que tenha uma opinião contraia a esse texto e gostaria de encher o saco com um comentário pouco educado ou com tom de superioridade, não perca tempo me xingando ou tentando ‘’alertar sobre os perigos’’ porque eu não irei perder tempo tentando ler seu comentário.

Que porra é essa?

RPG é uma sigla em inglês, que em português seria algo próximo a ‘’Jogo de interpretação de papeis’’, seria uma espécie de historia interativa em que você escolhe o que fazer com base de seu personagem. O RPG eletrônico é bem diferente do RPG de mesa, no de mesa o funcionamento básico seria, um cenário, e uma idéia para historia criado pelo mestre e os jogadores com personagens que encaixem nesse cenário e inicio de historia, o que vem depois é um misto de sorte com decisões e resultados de suas escolhas. Em um jogo eletrônico talvez você já deva ter pensando em alguma alternativa mais simples do que aquela programada, no RPG de mesa não tem essa ‘’programação’’ que vai te limitar, mas vai ter conseqüências que podem ser favoráveis ao seu personagem ou não.

Também não é exatamente uma historia interativa que cada um conta um pedaço, ou faz o que bem entender, as regras do jogo são criadas para manter a ordem, resolver disputas e causar um pouco de tensão. Você não compete com ninguém, nem com o mestre, a diversão está em participar dessa historia e poder criar alter egos e brincar de ‘’viver’’ situações que dificilmente você viveria, provavelmente já se imaginou em um livro, ou em um filme vivendo todas aquelas situações, a graça do RPG é essa.

O mestre:

Tem esse nome, mas não é uma tentativa de ‘’ser melhor’’ ele também é conhecido por vários nomes, no caso ‘’mestre’’ é derivado de ‘’mestre das regras’’ é o único que realmente precisa conhecer o sistema utilizado e as regras do jogo, é ele que tem a palavra final sendo ‘’o cara que bota ordem’’, a segunda (sim segunda) função dele é de criar o cenário e os outros personagens que os jogadores vão encontrar, de inimigos a amigos ou mesmo animais e monstros, ele não é exatamente um autor da historia já que ela precisa ter brechas para poder se moldar nas ações dos jogadores. A graça pra mim de se jogar como mestre é criar uma historia e personagens que os jogadores vão reagir da forma como eu gostaria, se eu crio um vilão espero que os jogadores o odeiem, ou um cenário em que os jogadores consigam acreditar e se sentir parte, no meu caso a melhor coisa é aquela massagem no ego de ter criado algo que outras pessoas falem ‘’caralho que foda!’’.

O mestre não joga contra, ele é uma parte importante da historia, ele também precisa criar uma aventura em que os jogadores irão gostar, mas sem abrir mão de seu próprio gosto, imagine uma festa em que o anfitrião gosta de pagode, mas os convidados apenas de rock, você pode mesclar as duas coisas ou simplesmente tentar em conjunto usar um gênero que seja divertido para ambos. O mestre não é o fodão, se ele não tiver jogadores não vai ter jogo, se o jogo for ruim a culpa não é inteira dos jogadores, como também não é apenas do mestre, RPG é um conjunto.

Os jogadores:

Pode ser um só, mas é mais divertido com mais gente, o numero pode variar, mas geralmente é definido pelo mestre, afinal é ele que vai ter que resolver os pepinos. A idéia de ‘’jogador’’ que muita gente tem é aquela do jogador de vídeo game, que só precisa jogar, no RPG não é bem assim.

Ele não precisa saber de todas as regras, mas o suficiente para ajudar o mestre (muitas regras acabam tendo brecha para interpretação) sabendo o básico, é preciso criar um personagem, um alter ego, a interpretação desse personagem não funciona igual a de um ator, você não precisa alterar a voz ou ‘’sentir’’ (interpretar fisicamente) o que o personagem sente, claro que fica mais divertido dessa forma, mas o que voce precisa mesmo fazer é fazer o personagem agir com base na personalidade e conhecimento dele. O ator tem um roteiro em que ele segue, o jogador de RPG tem uma ficha de personagem com os dados básicos, para que possa reagir as ações.

Exemplo, não entendo merda nenhuma de física, meu personagem é um cientista astrofísico renomado, um meteoro vai cair na terra, eu que não sei nada de física tentaria me esconder, mas ele é um cientista que tem meios para tentar criar algo que pode salvar a terra, então ao invés de se esconder (o que eu jogador faria) eu posso escolher interpretando, que ele tente salvar a terra, eu jogador não preciso criar um plano coerente, é meu personagem que sabe de física é ele que pode ou não descobrir como salvar o planeta. Eu jogador li o livro e sei que o vampiro morre com água corrente e que estacas não servem pra nada, meu personagem não leu o livro, o que ele esta vendo é um vampiro igual do cinema, para ficar coerente então eu teria que interpretar que ele pense que as informações dos filmes são corretas e tentar usar estacas, ou só utilizar a água quando ele personagem descobrir que funciona.
Muitos RPGs também tem informações sobre a personalidade nas fichas, alem do conhecimento do personagem. Eu jogador sou boca suja, meu personagem detesta palavrões, não posso interpretar ele falando palavrões e talvez até seja interessante que ele fique ofendido quando escuta algum outro e tente repreender.

O jogador precisa entender que, não adianta tentar passar o Chuck Norris para a ficha, a ficha precisa ser coerente com o cenário e historia que vão jogar, seria como jogar algum jogo eletrônico no modo ‘’god’’ invencível, no começo é legal, mas é tedioso e a graça do RPG esta em participar da historia, ser o que você não pode ser, se divertir em conjunto. Basicamente é aquela coisa do futebol, ninguém gosta do ‘’fominha’’ pode ser o melhor jogador, mas é provável que acabe chutando pedrinha sozinho que brincando com o resto da turma.

Espero que eu tenha conseguido explicar de forma clara e fácil de entender. Caso tenha duvidas pode perguntar que eu tento responder, caso queria saber mais, entender as regras e os diferentes tipos de jogos, ai você se vira e procura em outro lugar.


Mais algumas informações sobre o RPG.

Como o RPG é um jogo em que você possa ‘’viver’’ outras realidades como um livro ou filme, ele também conta com diversos temas, indo do terror a comedia, passando por heroísmo com superpoderes a guerras históricas, qualquer cenário pode existir, e muitos deles já foram imaginados e transformados em sistemas, existem vários sistemas, que vão de cenários e conjuntos de regras que foram criadas para resolver situações desses cenários próprios, exemplo um jogo em que os personagens são vampiros, tem regras para ‘’chupar sangue’’, um jogo sobre super heróis, regras para os super poderes e assim vai.

Como os livros e cinema, existem públicos mais fieis a determinados gêneros, e o terror é um dos temas mais amplos que existe, infelizmente assim como em filmes a idéia de ‘’terror’’ sentir medo não é a prioridade para muitos, preferindo optar por sustos e imagens grotescas, a mistura de desconhecido, falta de informação e essa linha de ‘’terror chocante’’ acabou trazendo confusão, para quem não conhece e por isso o RPG acabou tendo uma fama de ‘’jogo satânico’’ claro que outros fatores também estão envolvidos, mas não é o meu propósito com esse texto.

A única coisa que quero deixar claro é que o RPG é como um livro, um gênero musical ou um filme, existem vários temas, existem vários públicos, a grande maioria sabe que é uma obra de ficção e só quer se divertir, infelizmente existem pessoas que levam a serio, mas esses são minoria e nós que queremos nos divertir, também esperamos que eles recebam os devidos tratamentos médicos e que um dia possam distinguir entre realidade e ficção, também tem pessoas que não levam tão a serio assim, mas gostam de agir de uma forma extrema para chamar a atenção. Ex. um cara que se veste igual vampiro, e fala feliz da vida ‘’interpretando’’ o personagem para pessoas que não foram avisadas apenas para tentar assustar ou compensar o tamanho reduzido da genitália, esses são conhecidos entre os jogadores de RPGs como BABACAS e também são minorias.

Muitos jogadores de RPG são nerds e muitos deles são cdfs também tirando boas notas na escola, mas o RPG não vai te fazer ficar inteligente, você pode ler mais, porem você vai ler mais porque encontrou um tema que te agrada, um livro que te mostrou que ler é legal. Você pode jogar em cenários históricos, ou aventuras em que pode acabar aprendendo algumas coisas sobre algo, mas como falei ali em cima RPG é ficção, assim como um filme ou seriado que tem cientistas falando informações que parecem ser reais, não quer dizer que elas sejam. No CSI, por exemplo, mostrou que usando grafite e fita adesiva da para pegar uma impressão digital e da, mesmo! Porem também mostra que dando zoom em uma foto da para ver os mínimos detalhes, e se tentar fazer isso em casa vai ver um monte de quadrinhos sem entender nada.

Ser proveitoso ou não, vai depender de você mesmo. Da mesma forma que você não vai ficar mais inteligente porque passou duas horas matando orc com uma espada, não vai sair na rua dando cacetada em todo mundo.

RPG é uma forma de entretenimento como qualquer outra visa primeiramente à diversão.