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quinta-feira, abril 01, 2010

[REC] ([REC]) e Quarantine (Quarentena) * 2 filmes

[REC]
Direção: Jaume Balagueró e Paco Plaza
Roteiro: Jaume Balagueró e Luis Berdejo
Ano: 2007
Gênero: Terror, Suspense

Quarantine
Direção: John Erick Dowdle
Roteiro: John Erick Dowdle e Drew Dowdle
Ano: 2008
Gênero: Terror, Suspense, Remake

[REC] Filme espanhol que conta a história de uma equipe de televisão que fica presa junto com um grupo de bombeiros em um prédio onde um dos moradores parece portar uma estranha doença.
Quarantine é o remake americano do filme espanhol.

Resolvi fazer um combo, afinal um remake que saiu antes do filme original completar um ano e é praticamente copiado cena a cena não merece uma analise própria, mas deve ser mencionado, afinal a versão americana tem uma propaganda bem melhor.

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REC conta a historia de Ângela Vidal (Manuela Velasco) uma repórter e seu camera-man Pablo (Pablo Rosso, que não aparece em nenhuma cena, apenas seus pés) que estão gravando um programa de televisão chamado “Enquanto você dorme”, que fala das profissões noturnas, e nesse dia a profissão que vai ser mostrada é a do corpo de bombeiros.

O filme é todo gravado em primeira pessoa, no caso pelo camera-man, seria como um A Bruxa de Blair. Diferente da maioria dos filmes que resolveram usar esse recurso, no caso de REC faz sentido o camera profissional gravar sem ficar tremendo e com uma boa qualidade de imagens (a camera dele é profissional também) e a repórter querer fazer a matéria a qualquer custo, afinal é seu emprego e, além da curiosidade natural de uma repórter, isso pode lhe render algo no futuro.

A primeira parte do filme é interessante: mostra Ângela e os bombeiros, a atitude da repórter meio babaca com medo de entrevistas monótonas ou que naquela noite não aconteça nada é bem realista e mostra ela como um humano normal, sem tentar mostrá-la como uma bonitinha super simpática (aquelas tentativas de ''sintam pena da heroína''), o que funciona bem já que pelo fato de ela ser mais real é mais fácil sentir empatia pela garota e torcer por ela. O câmera, que nunca é filmado, é algo ótimo e também ajuda a passar uma imagem de realidade e de que estamos vendo um programa de televisão sem cortes.

Um chamado em um prédio sobre uma mulher que está trancada em seu apartamento e os outros moradores escutaram gritos, fazem com que um grupo de bombeiros vá até o local junto com a repórter e seu câmera. Lá a mulher trancada ataca um dos policiais que estava no local e segue um bom plot de filme de zumbi (é meio spoiler, mas já soltaram isso em tudo que é lugar, vai). Além do cenário diferente as interpretações ajudam muito a passar um clima de realidade, os espanhóis falando com gritos, gesticulando bastante e até mesmo gaguejando a fala da um ar de desespero. O prédio lacrado pelo governo com medo de um contágio dá uma sensação de claustrofobia e a repórter sendo sincera, ou talvez apenas de olho em uma boa matéria, lutando para poder filmar e indo atrás de entrevistas com os moradores também ajuda bastante, a forma até meio rude (sem ser grossa) de como ela força os moradores a falarem e a própria atitude dos moradores, que trocam acusações ou simplesmente se sentem felizes em aparecer na televisão, tudo isso da um tom de realidade que contribui para entrar no clima do filme, é um daqueles que se você pegar pela metade ele não vai aparecer atrativo, ficando algo bem confuso.

A forma como a câmera foi trabalhada também é algo genial. Há momentos em que ela está ligada escondida, outros que uma criança liga por curiosidade, até mesmo uma cabeçada que a repórter dá no meio da confusão e que faz o som se perder por alguns segundos é bem realista.

O roteiro de REC, que já inova pelo ângulo e pelo cenário, consegue sair mais ainda do estereotipo de “filme de zumbi padrão”, dando um foco que acredito ser totalmente novo ao gênero.

Quarantine é um remake. Ninguém sabe ao certo porque raios foram fazer um remake de um filme que não tem nem um ano (na época), dizem que é por ele ser espanhol e os americanos não gostam de legendas (talvez por Hollywood não ter idéias originais a muito tempo, mas isso não vem ao caso). Acontece que, estranhamente, o roteiro é uns 90% igual ao original e tiveram a cara de pau de botar DOIS roteiristas, creio que seja pelo trabalho de tradução dos diálogos, que também são praticamente iguais.

Jennifer Carpenter interpreta Ângela Vidal. Apesar de gostar bastante da atriz é bem triste ver ela interpretando da mesma forma que a colega espanhola: os mesmos trejeitos, as mexidas de cabelo e tudo, como se não bastasse ser bem estranho a Jennifer, que não tem nada de latina, falar que seu nome é “Enguela Vaidal”. O roteiro, ou talvez a atriz, tira a parte mais marcante da repórter que é ter garra e querer fazer a matéria a qualquer custo. A Angela do Quarantine é mais boazinha, mais doce e, infelizmente, até rola um climinha com um dos bombeiros.

A direção do filme também é praticamente igual, basicamente as melhores cenas têm no REC e a versão americana ficou “americanizada” no começo. A parte dos bombeiros é maior pra dar tempo do clima entre o bombeiro e a repórter (e não acrescentar nada de útil ao filme), ter mais personagens que só servem para morrer e ter mais cenas explicitas e que ao invés de tornar o filme mais legal fica bobo, porque perde o espaço para desenvolver o pânico no prédio visto pelos moradores para mostrar mortes.

A atuação dos moradores também é mais apática, e apesar de eles demonstrarem medo dão um ar mais artificial.

O camera-man da versão americana é Jake (Jay Hernandez. Vai entender porque mudaram o nome dele e não da repórter) não tem atitudes de camera-man, aparece diversas vezes em cena e, ainda por cima, tem uma cena ridícula dele matando uma pessoa batendo com a lente da câmera (que não quebra ou mesmo desfoca, e você fica vendo ela ir pra frente e pra traz de forma ridícula).

Pra piorar os momentos finais do filme, que eram para ter um ângulo diferente dessa coisa de “zumbis”, acabou virando uma coisa bem mais simples, só que acaba deixando a cena final confusa.


Nota: 8,2 [REC]
Nota: 6,5 Quarantine


REC é bem feito, inovador, tem boas atuações e chutou a bunda das mega produções com uma boa idéia. Único defeito é a qualidade de imagem da câmera que dá um ar meio amador e não de filme ou mesmo de programa de tv. Caso alguém pegue ele passando na tevê pela metade dificilmente vai se animar em ver. Mas é um filmão, eu recomendo, inclusive para aqueles que só assistiram Quarantine.

Quarantine foi um remake filha da puta como tantos outros, apesar de demonstrar respeito com a obra original (copiando ate ângulos de câmera e a direção) acabou mantendo praticamente o filme espanhol todo e as únicas mudanças foram gratuitas e não acrescentaram nada, pelo contrário, pioraram. A atitude do diretor e roteirista americano em botar seu nome nisso é pra lá de cara de pau já que ele fez alterações mínimas e prejudiciais.
Se você viu REC não perca seu tempo com Quarantine, talvez se passar na teve e você estiver curioso. Se você não viu nenhum dos dois filmes dê preferência ao original espanhol.

[REC] Para: matar a saudade de filmes de terror com suspense real (e não só sustos gratuitos ou apenas nojeira), fãs de zumbis para ver uma ótica diferente, fugir dos enlatados americanos e ver que existe coisa boa pelo mundo afora.

Quarantine Para: aqueles que acham que outros idiomas, que não seja inglês americano, não combinam com filmes (sei lá né, já vi gente falando isso no orkut); geração pânico, já que o filme conta com menos história e mais mortes; curiosos para saber como ficou a versão americana; gente que não sabe a existência de REC.

*Foi anunciado que [REC] 2 já está em produção e já existe um teaser trailer (tipo um trailer só pra dar água na boca, curtinho, sem nada de mais) aparentemente começando no exato momento em que o primeiro acaba (então quem não viu o filme não veja o teaser que tem spoiler).

Spoilers sobre o final do filme sobre minha ótica:

Provavelmente vai ser melhor explicado no segundo, mas basicamente o que chamou a atenção é o apartamento do ultimo andar, os recortes de jornal, o cenário e a gravação em áudio me deram a entender que uma garota foi possuída quando criança, ninguém conseguiu curar ela e um padre/cientista descobriu uma enzima responsável por isso e na tentativa de cura acabou descobrindo que a enzima era contagiosa, isso explica a garota no apartamento, e provavelmente foi passada para ratos e depois ao cachorro Max da guriazinha, que por sua vez foi o responsável para que o governo tivesse cercado o prédio. Não é certeza que tem uma origem sobrenatural, ou que seja 100% ciência e isso é capaz de ser melhor abordado no segundo filme.

A versão americana simplesmente corta a questão da menina portuguesa possuída e os recortes falam apenas de um vírus desconhecido, o que tira todo o sentido da guria lá trancada no apartamento.

[REC]



Quarentine


*texto originalmente postado:16/03/09

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